quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Tempo de Natal - Epifania

Ignoramos em que dia Jesus nasceu. Os cristãos do século III escolheram, para comemorar esse evento, uma data particularmente significativa: o dia 25 de dezembro, a noite mais longa do ano. O motivo dessa escolha é simples: no tempo de nova luz na natureza, novo ano solar, festeja-se a festa da Luz nova que jamais se apagará: "Jesus, verdadeiro sol de justiça", repetindo as palavras do profeta Malaquias 3,20. Desde então, a Igreja começou a celebrar as duas grandes festas que indicam as etapas da vinda de Deus entre os homens: a Natividade e a Epifania. No dia da Natividade ou Natal, festejamos a presença humilde de Deus no meio dos homens; no dia da Epifania, a manifestação dessa presença aos gentios e ao mundo. A Epifania é para o Natal o que Pentecostes é para a Páscoa, ou seja, o seu desenvolvimento e a sua proclamação no mundo, e prolonga-se na festa do Batismo do Senhor, como manifestação ao povo eleito. A oitava de Natal, 1º de janeiro, glorifica o nome de Jesus, que significa "o Senhor salva", e resume o sentido da encarnação acontecida em Maria, Mãe de Deus. Assim, através dessas quatro festas, o tempo de Natal nos faz passar do mistério da encarnação ao início do ministério de Jesus. Também a reforma litúrgica do concílio Vaticano II confirma a estrutura desse tempo, que vai das primeiras Vésperas do Natal até o domingo que se segue à Epifania. Enriqueceram-se os textos litúrgicos das celebrações e inseriu-se a missa vespertina da vigília; solenizou-se a maternidade divina de Maria, bem como o batismo de Jesus. A festa da Sagrada Família foi deslocada para o domingo que segue o Natal. As celebrações do tempo natalino não param nos fatos históricos, mas remontam a seu verdadeiro fundamento, que é o mistério da encarnação; por isso, a Igreja entoa o canticum novum de Davi, pois Jesus, assumindo a natureza humana, tornou-se nosso caminho, verdade e vida, para nos obter a vida eterna com Ele, no Pai: "Ora, a vida eterna consiste em que te conheçam a ti, um só Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, que enviaste" (Jo 17,3), e ainda: "Mas a todos que o receberam, deu-lhes o poder de virem a ser filhos de Deus"(Jo 1,12).
Fonte: http://br.geocities.com/worth_2001/index.htm

Dezembro: Fim e Recomeço

O mês de dezembro representa um fim,... mas um fim que anuncia um recomeço ou um novo ano.
Essa sucessão de anos, que vão sendo contados em ordem crescente, faz pensar: um aumento numérico (2006, 2007, 2008...) sem aumento qualitativo pode gerar monstruosidade; exige qualidade correspondente à quantidade que cresce. O fim do ano nos aproxima do fim de nossa caminhada na terra, mas nos aproxima também do começo de nossa vida definitiva. Se o corpo envelhece, a alma não envelhece; é dotada de juventude perene; se na velhice do corpo ela não se manifesta, isto se deve a deterioração do corpo, e não a insuficiência da alma humana, que tem o corpo como seu instrumento.
Nesse contexto pode-se crer que três sentimentos movem o cristão peregrino na terra:
1) Gratidão ao Senhor pelo dom da vida. O tempo é a primeira dádiva de Deus ao homem; é tempo redimido pelo sangue de Cristo, tempo de santificação ou kairós. Junto com a gratidão vai um ato de arrependimento pelo possível descaso do tempo que foi confiado a cada um. Arrepender-se não humilha é atitude nobre, que supõe a coragem de reconhecer a verdade e confessá-la a Deus e a quem compete ouvi-la.
2) Mais maturidade... A vida é uma escola, em que vamos aprendendo a escalonar sempre melhor os nossos valores, de modo a viver sempre mais acertadamente na demanda do Absoluto e Definitivo. O começo de novo ano é um convite a mais seriedade e profundidade. São Paulo fala muito do crescer em maturidade: "Não sejamos crianças, joguetes das ondas, sacudidos por qualquer vento de doutrina; ao contrário, com a sinceridade do amor, cresçamos até alcançar inteiramente aquele que é a Cabeça, Cristo" (Ef 4,14s).
3) Alegria... Se, de um lado, o corpo vai-se fragilizando com o tempo e obrigando a renunciar a muitos valores legítimos, de outro lado, o cristão se regozija porque vai chegando ao fim da sua peregrinação e, como um barco que navega, é mais e mais penetrado pela luz da vida definitiva emitida pelo porto ao qual tende. A vida do cristão não pode deixar de ser marcada por uma viva alegria interior, pois deve ser um progresso que, deixando para trás infantilismo e imaturidade, vai sendo invadida pelos valores eternos que lhe serão cada vez mais próximos. Só há um mal que possa perturbar essa alegria íntima: o pecado ou a fuga diante do Absoluto e Eterno.
É com estas ponderações que desejamos a todos os nossos leitores e amigos um santo fim de ano e abençoado 2008, que seja um passo largo em demanda da Eternidade!

Pe. Estêvão Bettencourt, OSBDiretor Emérito da Escola Mater Ecclesiae
fonte: www.materecclesiae.com.br